A Pedagogia Waldorf
“O que diferencia a pedagogia Waldorf de outras correntes pedagógicas inovadoras, é a sua concepção do homem e do mundo, a forma como compreende e atua na realidade frente às necessidades de transformação.”
A prática educativa Waldorf fundamenta-se na visão do homem como uma unidade harmônica físico-anímico-espiritual.
A Pedagogia Waldorf considera que o ser humano não está determinado exclusivamente pela herança e pelo ambiente, e sim pela resposta que do seu interior é capaz de realizar, em forma única e pessoal, a partir das impressões que recebe. Considera que o homem ao nascer é portador de um potencial de predisposições e capacidades que ao longo de sua vida lutam por desenvolver-se.
A Pedagogia Waldorf explica e fundamenta o desenvolvimento dos seres humanos segundo princípios gerais evolutivos que compreendem etapas de 7 anos, denominadas setênios. Cada setênio apresenta momentos claramente diferenciáveis, nos quais surgem ou despertam interesses, perguntas latentes e necessidades concretas.
O currículo Waldorf considera não só o gradual desenvolvimento das capacidades intelectuais mas, igualmente, o desenvolvimento gradativo da alma infantil e de sua capacidade e interesse pelo fazer prático. O mundo é apresentado paulatinamente, desde o mundo mágico dos contos de fadas, passando pelo ritmo do tempo (dia e noite, estações do ano etc.), entrando, as séries mais avançadas, na realidade histórica. O estudo das ciências também se descortina de forma gradual, abordando o homem e a natureza, não apenas através de uma observação objetiva exterior, mas procurando igualmente vislumbrar a realidade espiritual que tudo permeia.
As atividades artísticas desempenham um papel fundamental, estando presentes em todas as disciplinas. Assim também o fazer prático permeia todo o processo pedagógico contribuindo com o desenvolvimento de talentos e habilidades.
Como premissa para a pedagogia Waldorf, existe um programa específico de formação de professores, que os prepara e capacita para compreender o desenvolvimento da criança como um ser espiritual se encarnando num mundo terreno, bem como para que saibam de que forma propiciar o desabrochar de suas potencialidades nas épocas certas e da forma correta.
Os professores Waldorf são preparados para que se tornem, cada vez mais, capazes de perceber cada individualidade particular, cada criança como futuro adulto específico, com seus impulsos, perguntas e contribuições próprias. O professor deve significar para cada criança a ponte entre esta criança e o mundo que a rodeia. Para isso é necessário que o professor seja um profundo conhecedor do mundo e da cultura de sua época, procurando compreender o que significam as diferentes correntes e movimentos culturais de seu tempo, conhecendo também a fundo as questões sociais, buscando expressá-las e encontrar caminhos para elas. Os professores de uma escola Waldorf devem ser personalidades amplamente interessadas pelo mundo atual, bem como profundos conhecedores da alma humana.
A Pedagogia Waldorf foi concebida por R. Steiner em 1919 (Antroposofia) e atualmente já existem perto de mil escolas Waldorf, espalhadas por todos os continentes.
Fonte: Federação das Escolas Waldorf no Brasil
Proposta Pedagógica
A Escola Aitiara fundamenta-se nos princípios da pedagogia Waldorf, um impulso pedagógico desenvolvido por Rudolf Steiner – filósofo austríaco fundador da Antroposofia – que hoje serve de base para centenas de escolas espalhadas por todos os continentes.
Esta pedagogia tem como meta desenvolver o ser humano da forma mais ampla possível, dando possibilidades para que seu pensar, sentir e agir amadureçam de forma equilibrada e completa. E não é só através do ensino das matérias curriculares tradicionais que se busca atingir estes objetivos, mas também por meio das atividades artísticas, dos trabalhos práticos e do ritmo das comemorações.
Os professores da Escola Aitiara, enquanto professores Waldorf, realizam tarefas e se propõem desafios diferentes de outros professores. Para eles, a ligação com seus alunos não é casual, mas sim permeada de uma significação ampla e profunda, na qual estão presentes forças espirituais. A responsabilidade que cada professor sente por seu aluno, e por aquilo que ele vivencia e aprende, estende-se à escola como um todo, e esta é percebida pelo corpo docente como uma verdadeira comunidade na qual desabrocham as qualidades de muitos seres humanos.
Os professores trabalham verdadeiramente em conjunto – isso resulta, na prática, em reuniões semanais onde a meta e o trabalho são comuns. A tônica desses encontros é a troca e o compartilhar. Esse trabalho em conjunto brilha nas festas semestrais em que toda a escola se apresenta e em todas as comemorações que enriquecem com muito significado o ano escolar dos alunos.
Matriz Curricular
Língua: falar, escrever, ler
Paciência, fantasia e amor são as ferramentas indispensáveis a um professor na passagem da imaginação infantil para a abstração intelectual da escrita moderna. Antes de escrever, movimentar.
Os primeiros cadernos estão cheios de cores, de formas, de linhas retas e curvas, onde se adivinham os gestos e os movimentos que se fizeram, bem antes, com o próprio corpo e com o mundo ao redor. Surge a primeira letra, – o R, por exemplo. E com ela a história do Rei! A criança entra no mundo da escrita pela mão da fantasia que a nutriu nos primeiros anos de vida. Sente-se em casa, não se assusta, consegue avançar com confiança.
A leitura acontece naturalmente – afinal, se está escrevendo, consegue também ler o que escreveu! E o interesse está despertado. Lê-se em voz alta, descobre-se a gramática … O aluno compõe, a cada ano, textos mais compridos e mais reveladores de si próprio.
Matemática e Geometria
Os elementos matemáticos são primeiramente assimilados através de movimento e ritmo – fazem-se contas, recitam-se tabuadas, trabalha-se com unidades, dezenas, centenas. As operações são introduzidas cedo, e estimula-se a curiosidade e a atividade livre do pensamento através do método analítico: assim, oferece-se à criança não um simples 2+2=?, mas sim um libertador 4=?+?.
Mais tarde, entra o ensino das frações, das medidas e suas transformações, da álgebra. Na Geometria, o professor parte da vivência das formas e faz delas algo dinâmico. Em vez de teoremas abstratos, o conhecimento vivo e artístico.
História
Nos primeiros anos, os alunos percorrem, pela vivência de contos da fadas, lendas e mitos, a maneira de pensar e sentir dos povos de épocas passadas. Este conhecimento é trazido para a consciência no 5° Ano, onde são abordadas as velhas civilizações da Antigüidade. Idéias, imagens e dramatizações enriquecem e ensinam, despertam a consciência da distância histórica, da evolução do ser humano. Até o fim do Ensino Fundamental, os alunos percorrem uma vez toda a História do homem.
Geografia
Nos primeiros anos, o professor ajuda o aluno a se localizar e a se orientar nas redondezas. A partir do 3° Ano, os alunos tentam transformar o seu conhecimento do ambiente imediato em pequenos mapas. Como que em círculos concêntricos, estes conhecimentos são alargados para regiões mais afastadas, o estado, os países, continentes e, finalmente, a Terra toda. Seja o tema ecologia, movimento do Sol ou da Lua, o ensino não se limita a transmitir fatos, mas sim despertar o sentido do pertencimento, solicitar o raciocínio do aluno evitando a simples memorização de nomes e detalhes.
Línguas estrangeiras
Até o 3° Ano, o ensino das línguas se dá por imitação. O ouvido acostuma-se, aprende canções, versos, ritmos. A partir do 4° Ano, vão sendo introduzidas leituras, ditados, composições, regras gramaticais. O elemento lúdico – jogos, dramatizações, canções – está sempre presente.
Matérias científicas
Zoologia, Botânica, Mineralogia, Química, Física, Astronomia trazem o mundo para dentro da classe e abrem os olhos das crianças. Esse estudo começa a partir dos 9 anos de idade – antes disso, criança e mundo formam um todo ainda indivisível. Nas aulas, mostram-se os fenômenos, realizam-se experiências e vivências, descreve-se o ocorrido e chega-se assim aos conceitos e explicações de uma maneira viva.
Agricultura e jardinagem
Trabalhar a terra, despertar o interesse pela natureza, vivenciar atividades milenares como o semear, o plantar e o colher. Ver crescer o que a própria mão plantou e descobrir a responsabilidade que todos herdamos ao nascer na Terra: descobertas fundamentais ao jovem que cresce na direção da consciência da própria ação no planeta.
Euritmia
A euritmia desenvolve os gestos e os movimentos do corpo humano, elevando-os para que venham a ser verdadeira expressão visível e artística daquilo que, na fala e na música, se ouve mas não se vê. A euritmia fortalece a vontade, qualidade fundamental para o aprender e o trabalhar.
Matérias artísticas e artesanais
Durante o primeiro setênio, o uso das mãos e dedos, assim como os movimentos harmoniosos do corpo em jogos e rodinhas, ajudam a desenvolver as forças plasmadoras do corpo humano. No período seguinte, é a percepção de belas formas, cores e sons harmônicos que atuam na organização corporal, enquanto a vivência intensiva das belezas da natureza contribuirão, por sua vez, para vivificar o organismo vital.
É pelo próprio fazer que influências plasmadoras atuam mais especificamente na vivificação do organismo. Cabe em particular à euritmia um efeito altamente terapêutico e revigorante. O aluno que se tornar mais hábil, no decorrer do segundo setênio, por meio de trabalhos manuais, pela prática de um instrumento musical ou mediante qualquer outra atividade apropriada, terá menos dificuldade em adquirir, mais tarde, os conhecimentos exigidos nas matérias intelectuais.
O desenvolvimento de todo o organismo é, pois, favorecido pelo hábito de uma atuação harmônica das mãos e dos membros. Quando esta atuação consciente vier a fazer parte da vida em representações mentais, ela terá se metamorfoseado a partir das forças da fantasia.
A criação artística eleva o homem acima das meras necessidades existenciais e fomenta a expressão da sua verdadeira humanidade. Despertar e desenvolver essa capacidade é o mais nobre propósito da área das artes plásticas.
A escola Waldorf não quer formar artistas, mas sim seres humanos capazes de assumir, mesmo em nossa época, o seu destino, e de atuar harmoniosamente no contexto social de sua vida futura.
Ensino Infantil
Na idade pré-escolar (primeiro setênio), a criança vive uma fase de experimentação da bondade do mundo onde o aprendizado se realiza através da imitação. O ideal seria que, nesta idade, a criança estivesse com seus pais e irmãos no contexto familiar, convivendo com a natureza e com os afazeres normais de uma casa. Assim a escola, nesta fase, tenta aproximar-se desse contexto, trazendo para a sala de aula o ambiente da casa, com as suas atividades cotidianas e a variação de idades que ocorre dentro de uma família.
O papel do educador consiste em levar as crianças a aprenderem fazendo as coisas. Os alunos têm seus pequenos deveres (como arrumar a sala, regar as plantas, ajudar a preparar o lanche), que se alternam com outras atividades como pintura, modelagem, desenho, ouvir contos de fadas, brincar… A organização é construída pelo exemplo. Da solidez e do aconchego do Jardim de Infância nasce uma extraordinária segurança e confiança no mundo e em si mesmo, e a certeza de que o mundo é, antes de mais nada, BOM!
O intelecto e a memória, forças necessárias ao processo de aprendizagem, não devem ainda ser solicitadas. É preciso que primeiro o corpo físico dê o sinal de sua maturidade e solidez estrutural – e esta se manifesta principalmente com a troca dos dentes. É nesse momento que a criança está pronta para o contato com o aprendizado escolar.
Ensino Fundamental
No Ensino Fundamental, as matérias principais são lecionadas pelo professor de classe, que acompanha os alunos em seu desabrochar para o mundo do 1° ao 8° ano (a partir do o 9º ano do Fundamental e durante o Ensino Médio, os jovens são conduzidos por um professor tutor).
Vale destacar que, tanto o professor de classe, quanto os professores de matéria (artes, música, línguas etc.) estão conscientes de que seus alunos são individualidades que trazem o futuro em si e que devem ser preparados de maneira que possam se tornar seres humanos livres, capazes de dar sentido às suas próprias vidas.
A partir do 1° Ano, a classe é composta por alunos da mesma faixa etária. A criança vai, ao longo de cada ano, experimentando sensações e tendo vivências ligadas principalmente à sua idade. Essa classe continuará junta ao longo de todo o Ensino Fundamental, e com ela seu professor de classe, adulto de referência dentro da escola para a criança. A vivência comum, as tarefas, o esforço coletivo desde o 1° até o último ano forjam uma grande família ao redor desse professor tão especial.
Quanto mais variada a composição, mais rico o aspecto. A convivência com a pluralidade é uma característica de uma sala de aula Waldorf. Nela, cada criança tem a chance de expressar-se e ser ela mesma e, ao mesmo tempo, vivenciar a riqueza e a beleza de poder ser diferente e fraterna.
O professor expõe a matéria com suas próprias palavras, os alunos fazem seus próprios livros com ilustrações e matérias dadas. A surpresa, a admiração, o prazer da descoberta, o planejamento, a improvisação, a ciência e a arte estão constantemente ligadas.
No 2° setênio (dos 7 aos 14 anos), a criança precisa sentir muito forte dentro de si que o mundo é belo – e vale a pena fazer parte dele. A autoridade natural é baseada no amor – mãos firmes mas carinhosas, liberdade que orienta. A criança faz o que o professor diz porque o ama e respeita profundamente. Ao final do segundo setênio, a criança começa lentamente a adentrar os mistérios e as possibilidades do 3° setênio (dos 14 aos 21 anos), em que o jovem se abre para a vivência de que o mundo é verdadeiro. A autoridade baseia-se cada vez mais nas qualidades pessoais (o aluno obedece o professor admirado e respeitado) e num crescendo de liberdade e responsabilidade.
Ensino Médio
Os jovens que concluem o ensino médio da Aitiara trilharam ao longo de doze anos de educação básica um caminho que lhes propiciou algumas ferramentas para viver, construir e reconhecer um mundo em que se conviva, dialogue e incorpore as diferenças; um mundo em que as pessoas confiem em si próprias e no mundo ao redor e em que se reconheçam forças de transformação e transmutação, sustentadas por uma sólida vivência espiritual. O ensino médio da Aitiara deseja cultivar em seus alunos a verdade, a responsabilidade e a liberdade, como caminho de construção da paz.
Nesse sentido, a sua intenção é formar jovens plenos, que possam escolher com crescente responsabilidade, autonomia e solidariedade, baseados na sua auto-avaliação e na avaliação de cada situação em suas vidas; pessoas que se sintam seguras, e livremente responsáveis, para trilhar o próprio caminho, com determinação, alegria e clareza de pensamento.
Em termos de trimembração do homem, são três as metas a serem alcançadas. O pensar, que também podemos chamar de dimensão cognitiva, lógica, sediada fundamentalmente no lado esquerdo do cérebro, é estimulado em todas as matérias, mas ancorado principalmente no conteúdo das ciências exatas, humanas e biológicas das matérias teóricas. O sentir, sediado no lado direito do cérebro, a dimensão imagética, está ancorado especialmente nas matérias de artes (música, artes aplicadas, trabalhos manuais, escultura, pintura, desenho, entre outras). Concorre para o desenvolvimento da individualidade do aluno, na aplicação desta individualidade em contextos eminentes. Por fim, a aplicação prática, a materialização de ideais, o querer, o fazer, ancorados de maneira mais visível em matérias que demandam movimento do corpo físico, como a educação física.
Projeto Sabiá
Desde 2009 o Projeto Sabiá oferece apoio pedagógico e oficinas artísticas, esportivas e culturais no contraturno escolar.
Um dos principais objetivos do Projeto é promover a inclusão, pois ele existe para receber alunos e alunas sem custos extras e indistintamente, independentemente de condição econômica ou intelectual, de gênero ou etnia.
A equipe pedagógica do Projeto é composta por uma psicopedagoga, uma assistente social, uma euritmista curativa e uma médica escolar que, juntamente com os professores de classes e tutores, avaliam e indicam alunos/as para participarem do Sabiá.
O Projeto está inscrito no Conselho Municipal de Assistência Social e no Conselho
dos Direitos da Criança e do Adolescente há mais de 12 anos. Isso significa que suas ações
estão de acordo com o que preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente.
O Sabiá é mantido por doações diretas, de notas fiscais paulistas e do Imposto de Renda*, por isso a contribuição do maior número de famílias que possam apoiar é muito bem-vinda.